CEMITÉRIO DA PRAÇA DA REPÚBLICA, PONTOS TURÍSTICOS DE BELÉM ASSOMBRADOS COM BASE HISTÓRICA

 A região Norte do Brasil é famosa por suas histórias sobrenaturais que envolvem seres místicos e aparições visagentas. Mas, há lugares turísticos na cidade que comportam histórias desconhecidas por muitos paraenses, que causam arrepios sem ao menos entender-se o porquê. 

Necrotério no meio da Feira do açaí

 Localizado na travessa Marquês de Pombal, no bairro da Campina, o pequeno prédio na beira do rio esconde um segredo que poucos paraenses sabem. Lá no início do século XX,  funcionava um dos primeiros necrotérios de Belém. 

Na época, era comum os populares irem cedo à feira do Ver-O-Peso e encontrarem mortos estirados na pedra, aguardando os responsáveis chegarem para realizar a remoção e limpeza. Imagine vivenciar a feira em pleno funcinamento enquanto os corpos eram preparados para os enterros.

Mesmo após anos de sua desativação, feirantes ainda relatam histórias de presenciar vultos pelo mercado nas primeiras horas da madrugada. 

O necrotério da Feira do açaí (por: Álbum de Belém 1902).

Theatro da Paz e o cemitério esquecido

 A região próximo a atual av. Presidente Vargas em Belém nem sempre abrigou prédios históricos e artísticos. Em 1756, um surto de varíola na região vitimou vários belenenses. Devido o alto número de mortes, que ameaçou encher todas as igrejas onde eram enterrados os mortos, foi necessário construir um cemitério de cova rasa no bairro da Campina (no Largo da Campina ou Largo da Pólvora), para comportar tantos corpos. Mas, com o passar dos anos, o local caiu em desuso e acabou sendo esquecido pelos moradores.

 A expansão de Belém durante a Belle Èpoque, atendendo ao pedido da elite da borracha, o governo provincial ergueu em cima do cemitério esquecido, um depósito de pólvora, que logo foi substituído em 1874 pela praça da República e o Theatro da Paz.

 Assim, durante as reformas era comum encontrar ossadas. Além de escutar vultos no teatro e estranhas mulheres bebericando no antigo Bar do Parque, vultos que sumiam misteriosamente à primeira investida de marmanjos já meio embebecidos. Acredita-se que o nome do Theatro seja uma homenagem ao nome do cemitério, que se chamava Cemitério da Paz. 

Palacete Bibi Costa e a prisão de escravos


O grandioso Palacete Bibi Costa, erguida entre 1906 para o major Carlos Brício Costa, na esquina da Avenida Governador José Malcher com a rua Joaquim Nabuco, desperta a curiosidade no bairro de Nazaré.Pois a beleza do ‘castelinho’ contrasta com o ar sombrio que ele impõe. 

Vale ressaltar, que antes virar um casarão, o local era onde fazia guarda e tortura de escravos. Em seguida, durante muitos anos funcionou, vários órgãos do Governo. Então, é comum circular pela cidade vários relatos de ex-funcionários que desistiram do emprego por presenciar histórias sobrenaturais, ouvir barulhos de correntes se arrastando e gritos com pedido de socorro. 

Uma das experiências sobrenaturais teria ocorrido no final dos anos 80 e é contada por um ex funcionário do local, que teria escutado alguém chamar por seu nome e saiu vasculhando pelo prédio, chegando a um dos cômodos subterrâneos. 

Ao entrar em uma  sala, teria estranhado o fato de as luzes estarem apagadas. Ele dirigiu-se para o interruptor, mas a voz não permitia que ele ligasse a luz. Mesmo enxergando parcialmente, o funcionário teria se aproximado de uma mesa e, quando olhou para baixo, encontrou um homem negro, acorrentado por um braço a parede, suado e com o rosto machucado, que gritava devido muito sofrimento.

Em estado de choque, Augusto ficou paralisado observando a alma penada. Mas, quando se deu conta, saiu correndo do palácio e pediu afastamento do serviço. 

Educandário da tortura na ilha de Cotijuba

 Na ilha de Cotijuba (uma das 42 ilhas de Belém), ainda atualmente é possível observar as ruínas do antigo prédio, o Educandário Nogueira de Farias, criado na década de 1930. A suposta colônia reformatória deveria servir para orientar e educar meninos e meninas abandonados e em vulnerabilidade social (residentes na rua). 

No entanto, a verdadeira história traz agressões e abusos. Na região, muito se escuta sobre a crueldade que eram feitas, algumas vezes em formas de tortura, com os jovens que eram encaminhados para o centro. Inclusive, de adolescentes que tentavam fugir e se afogavam. Cotijuba chegou a ficar conhecida como ‘A ilha do Inferno’ por alguns anos. 

Bolonha, construído por amor e dominado por terror

 O Palacete Bolonha construído em 1905 pelo engenheiro Francisco Bolonha como um presente de amor à sua esposa Alice Tem-Brink, tornou-se um lugar único e luxuoso no centro da cidade. Apesar da beleza, fatos sobrenaturais que acontecem casa chamam a atenção.

 Primeiramente, antes da construção do palacete, alí havia uma charneca pantanosa, com lagoas de água estagnada e profunda. Por ser um lugar de difícil acesso onde habitavam jacarés, convencionaram usá-lo como ponto de desova para os cadáveres de escravos. Se os restos humanos que ficaram no terreno carregavam ou não uma maldição é discutível.

 Um relato de um estudante do curso de história conta, sobre um suposto fantasma de uma mulher na banheira no segundo andar do prédio. Durante uma visita turística e seus amigos visitavam o palacete, mas acabou se afastando do grupo e ficando sozinho no segundo andar do prédio. Onde encontrou um banheiro que possuía uma banheira de mármore e puxou sua máquina fotográfica para registrar o ambiente.

 Em quase todas as fotos, uma estranha luz impedia que se visualizasse a imagem do banheiro. Somente em uma foto, a da banheira, ele conseguia observar uma forma embaçada. Decidiu voltar ao banheiro e tirar novas fotos, então na banheira, viu uma mulher branca, que parecia não notar sua presença, tomava banho mergulhada em uma água misturada a muitas pétalas de rosa vermelha. Tremendo de medo, ele se afastou lentamente, mas ela o percebeu e sorriu.

 Em 1968, uma história que teria perturbado a cidade. Atrás do belo palacete, aparecera um grande cão negro, que sairia de um desenho em uma calçada para matar, nas noites chuvosas. Segundo contam, dois corpos teria sido encontrados trucidados, com partes dos corpos espalhados em um raio de 300 metros.

Pessoas do antigo presídio público São José

 O imóvel erguido em 1749 por frades capuchos de Nossa Senhora da Piedade, já abrigou um convento, um hospital – que testemunhou muitas mortes durante a Revolta da Cabanagem – e um presídio, por 150 anos, onde eram presos criminosos políticos e comuns.

 Na cadeia pública havia constantes rebeliões. Em 1998, foi definitivamente desativado, depois de uma rebelião que durou mais de 28 horas e registrou três mortes. Após reestruturação, o presídio São José passou a denominar-se Espaço São José Liberto em 2002. 

 Mesmo após o tempo passar, a memória de um local não é apagada completamente, principalmente quando o mesmo já foi alvo de tragédias e rebeliões. Conforme o relato de um artista teatral, que conta que durante uma foto após uma apresentação de treatro com vários integrantes, registrou algumas mãos de pessoas que não estavam fisicamente no local.

 Dizem que o projeto paisagístico, com cristais espalhados pretendia abrandar a sina dos que alí padeceram. Basta ler os relatos do Memorial da Cela para entender quão cruel era viver atrás dessas grades.

 Mesmo com os gigantescos cristais que adornam o Jardim da Liberdade, há quem jure ouvir, tarde da noite, vozes dos antigos aprisionados implorando por um gole de água, pelo amor de Deus

Casa das Onze Janelas e o grito dos prisioneiros

 A Casa das Onze Janelas abriga o Museu de Arte Moderna e Contemporânea, um dos mais importantes do Estado. A casa em si já foi morada de um senhor de engenho, hospital e prisão. Talvez esse passado conturbado tenha se refletido no romance Hortênsia, de José Marques de Carvalho, lançado em 1888 e que ambienta um terrível feminicídio nas dependências do prédio, por conta de uma relação incestuosa.

 Seguindo sua sina, a Casa serviu de prisão a presos políticos durante a Ditadura Militar. Os frequentadores mais assíduos dizem que, por vezes, ainda é possível escutar os gemidos e gritos de dor vindo das grossas paredes, ecos perturbadores de um passado não tão distante, ou gritos de Hortênsia, quem sabe, assassinada por Lourenço, seu irmão, tomado de furor.




Fonte: Revista AturáTanto Tupiassu, O Liberal, Mundo Tentacular, Arquivo Público, Guia Além.

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