Em vez de barqueiros com cestos de açaí andando pelo porto, quem esteve em Belém no final do século 19 encontrava trabalhadores descarregando navios vindos da Europa com queijos franceses, vinhos e roupas finas. Impulsionada pelo auge (e dinheiro) do ciclo da borracha, a cidade vivia a "belle époque" e ganhava apelidos como "Paris tropical".
O fim do látex decretou a decadência de Belém. Hoje, 400 anos após sua fundação, 86% dos turistas criticam a limpeza urbana e 83% reclamam a falta de segurança, segundo pesquisa da Secretaria de Estado de Turismo feita em 2014. Mesmo assim, a capital paraense recebeu 640 mil visitantes em 2015 –que ao andarem na cidade, certamente esbarraram em resquícios de seu apogeu, como o Theatro da Paz, construído em 1878.
A casa de espetáculos, que recebia óperas e peças estrangeiras, até hoje está em funcionamento e coloca em cartaz produções nacionais e um festival de ópera. O prédio, construído pelos barões da borracha, é aberto a visitação (ingressos custam R$ 6).
Na cidade velha, à beira do cais, o Ver-o-Peso é parada obrigatória. No mercado a céu aberto, é possível ver mulheres fazendo in loco o tacacá (caldo de goma de mandioca), além de comprar castanhas, açaí, jambu e todo o tipo de produtos locais. Se a fome apertar, barracas vendem o famoso peixe frito com açaí (símbolo da cidade) – a fruta é servida amarga, sem o açúcar comum no eixo Rio São Paulo.
Do outro lado da rua, fica o mercado de carnes, do século 19, que mantém as estruturas de ferro que emulam a arquitetura inglesa. Um pouco mais à frente está um parque inaugurado em 2005, o Mangal das Garças. Com 40 mil metros quadrados e entrada gratuita, tem flamingos e lagartos soltos, além de um borboletário. Ideal para lembrar que, apesar da civilização da borracha, Belém segue no coração da Amazônia.
Por: FOLHA UOL