10 MOTIVOS PARA CONHECER BELÉM DO PARÁ

 A jornalista Adriana Sett (da Abril Viaje Aqui) que reside em Barcelona, relata sua paixão a primeira vista por Belém...

MOTIVOS PARA CONHECER BELÉM:

 A caminho de Belém (com uma esticadinha até Ilha de Marajó), passando antes por São Paulo perdi as contas de quantas vezes ouvi a pergunta: "Mas que diabos você vai fazer em Belém?". Vocês querem mesmo saber? Então, apenas leia a frase que Riq Freire usa para definir a cidade: “Belém é a cidade mais incrível que o Brasil ainda não descobriu”. Eis os motivos para ter gostado tanto:


1. Diferete de tudo:


 ZanzibarMarrocos? Para tudo, exótico mesmo é Belém. O menu de sucos tinha pelo menos 10 nomes que nunca tinha ouvido – incluindo aí a tal da fruta muruci, um dos gostos mas alienígenas que minhas papilas gustativas já enfrentaram.

A forte devoção à Nossa Senhora de Nazaré

 Aos cinco minutos do primeiro tempo, topei com um cidadão pilando uma jiboia pra dentro de uma garrafa numa barraquinha de… gente, como definir aquilo? O céu desaba em chuva morna e a vida segue como se nada estivesse acontecendo. O rio que parece mar; A Amazônia; A devoção à Senhora de Nazaré; As revoadas de urubus; As mangueiras do tamanho de cogumelos atômicos; O tacacá na cuia no meio da tarde; Açaí salgado e pirarucu; Onde mais tem disso, criatura?
Todo mundo sentadinho na calçada na hora do tacacá, o chá das cinco de Belém
Todo-poderoso tacacá da Maria, pertinho da igreja de Nazaré, um dos famosos da cidade




2. Mercado do ver-o-peso é uma lou-cu-ra:


Urubus na linha de frente  (no lugar onde os barcos descarregam o peixe na madrugada) e, lá no fundo, o Ver-o-Peso

 O Ver-o-Peso não só é o coração da cidade, como um dos mercados mais incríveis do planeta, para onde confluem os ingredientes da Amazônia, como: Pripioca, jambu, mandioca brava, castanha-do-pará, pirarucu, surubim, filhote, curimata, tambaqui, açaí, taperebá, bacuri…. É um caos dos mais organizados, onde os peixes ocupam a parte fechada (e a mais bonita, sob uma estrutura de ferro), depois aparecem as barraquinhas das frutas e sucos. Em seguida, a parte mais divertida do Ver-o-Peso, com as benzedeiras e seus milhares de pozinhos e óleos para curar de unha encravada a dor de corno. 
 Em outra ala tem as famosas barraquinhas de açaí com peixe frito. Na parte mais próxima do rio estão as bancas de comida mais incrementadinha, onde o carimbó e o brega rolam solto no fim de semana
Benzedeira ao vivo e sobretudo a cores no Ver-o-Peso
Garrafinhas mágicas.
Castanhas de cajú e do Pará no Ver-o-Peso

Belem_do_Para - 8
Made in Amazonia

Jogatina no Ver-o-Peso

Belem_do_Para - 11


3. Parte do centro histórico impecável:

 Belém fez um esforço titânico nos últimos anos para se tornar mais interessante para o turista – e merece ser prestigiada. O pedaço mais bacana do centro histórico hoje em dia é o complexo de Feliz Lusitânia, a parte mais antiga da cidade, que inclui o lindinho Forte do Presépio, a Casa das Onze Janelas (que abriga um museu), o Museu de Arte Sacra e a Catedral.
Caserio no centro da cidade
Namorico em frente à Casa das Onze Janelas
O centro da cidade está cheio de casarões bacanas
Outra rua meio caidinha do centro. Mas não é que tem a sua poesia?
As mangueiras de Belém, um caso à parte
Um quê de Havana
Belem_do_Para - 15
Um pedacinho bem roots do centro de Belém

A catedral de Belém exalando fotogenia num vim de tarde daqueles


4. A comida vale a viagem:


 Declaro sem medo de ser feliz: a culinária paraense é das mais complexas, ricas, gostosas e interessantes do Brasil. E Belém tem potencial para se tornar uma meca gastronômica de projeção mundial. Não é à toa que chefs como Alex Atala, o espanhol Andoni Aduriz (do Mugaritz) e tantos outros estão sempre em busca de referências por ali. Vou falar dos restaurantes mais famosos da cidade num post à parte. Eles merecem.

5. Sorvetes regionais da cairú:


 Não é à toa que todo mundo fala maravilhas dessa sorveteria tradicional da cidade. Chupa, gelato italiano. Pouca coisa no mundo bate a Cairu.

6. Estação da docas é mesmo bacana:


 Depois de circular pelo Ver-o-Peso e pelo centro histórico, a Estação das Docas é o lugar ideal para relaxar com conforto (e ar condicionado). A comparação é inevitável: é o Puerto Madero de Belém, em menor escala. Uma grande sacada da cidade para revitalizar uma área decadente e criar uma atração turística de peso – que os locais também frequentam entusiasticamente.
Estação das Docas, o Puerto Madero de Belém

Durante os dias de semana, a Estação das Docas fica bem tranquila durante o dia. À noite a coisa muda de figura e os restaurante lotam.


7. Os turistas podem circular em paz:


 Eis uma surpresa muito positiva. Ninguém enche o saco do turista – como acontece em Salvador, por exemplo, onde você corre o risco de engasgar com uma pulseirinha do Senhor do Bonfim. O paraense tem um jeito doce e recatado, receptivo sem ser invasivo. Palmas.

8. Centro histórico bem policiado:


 Estaria exagerando se dissesse que me senti super segura no centro de Belém. Como em toda cidade grande brasileira, com diferenças sociais brutais e a miséria acenando em cada esquina, é preciso ficar esperto. Presenciei uma facada em pleno Ver-o-Peso – uma mulher em outra mulher pelas costas. “É rixa delas, amiga”, me consolou uma local ao ver que ensaiei um princípio de pânico. E era mesmo, mas enfim  Apesar de todos esses pesares, achei o centro histórico extremamente bem policiado. Já é alguma coisa.

9. O mangal das garças é uma gracinha:


 Este jardim amazônico é outra atração relativamente recente que incrementou o potencial turístico da cidade. O Mangal das Garças é bonitinho… e tem até guará (um dos pássaros mais lindos do planeta).
Guarás no Mangal das Garças #semfiltro (o bicho é dessa cor mesmo!)
O lindinho Mangal das Garças


10. Venta constantemente no centro:


 Uma as coisas que me preocupava antes de ir era o excesso de calor. Não funciono muito bem quando os termômetros extrapolam os 30 graus. Mas Belém é abençoada por um vento forte e constante que deixa tudo mais ameno. Fui a pessoa mais descabelada da América Latina durante alguns dias. Mas fui feliz.

OUTRAS CURIOSIDADES:

 A capital paraense Belém se destacou na economia, arquitetura, cultura e gastronomia em diferentes etapas da história. separamos uma lista com fatos e curiosidades que marcaram Belém. Confira:

1. Fundação para proteção da amazônia:
 Belém foi fundada por Francisco Caldeira Castelo Branco em 1616. A cidade tinha como o objetivo proteger a entrada da Amazônia de holandeses, franceses, ingleses e irlandeses. Primeiro acampamento montado em Belém deu origem ao Forte do Castelo.
Complexo Feliz Luzitânia: Forte do Castelo e Casa das Onze Janelas. (Foto: João Ramid/ O Liberal)


2. O histórico mercado do ver-o-peso:

 Quase tão antigo quanto a capital é o seu principal cartão-postal, o mercado do Ver-o-Peso, fundado há 388 anos e está em plena atividade: Entre os principais produtos vendidos no estão o açaí, produtos hortifruti e o pescado. Segundo o Dieese, são vendidas cerca de 30 toneladas de açaí por ano, 30 toneladas de hortaliças por mês e 15 toneladas de pescado por dia.

Mercado do Ver-o-peso é uma das principais atrações de Belém (Foto: Oswaldo Forte / O Liberal)

3. O período de luxo da belle époque::

 No Ciclo da Borracha, entre os séculos XIX e XX, a cidade de Belém teve grande importância comercial, principalmente para o cenário internacional. Neste período foram erguidas construções luxuosas na capital paraense, como o Palácio Lauro Sodré, o Palácio Antônio Lemos e o Theatro da Paz.

Encerramento Festival de Ópera - Theatro da Paz - Belém (Foto: Ingrid Bico/G1)

4. Arquitetura italiana por Antônio Landi:


 A arquitetura da capital foi bastante influenciada pela obra do italiano Antônio José Landi, professor de arquitetura em Bolonha radicado em Belém que foi responsável por interferências na igreja da Sé, a igreja do Carmo e o Palácio Antônio Lemos, que abriga a sede da Prefeitura de Belém. 

Palácio Antônio Lemos Belém (Foto: Everaldo Nascimento/O Liberal)

5. A Belém das Ilhas:

 Além da porção continental, Belém é composta por 39 ilhas que, somadas, representam 65% do território de Belém. Nestes locais a principal atividade econômica é a coleta do açaí. Prédios de Belém vistos a partir da Ilha do Combu, uma das 39 que fazem parte do território da cidade.

Cidade de Belém vista a partir da Ilha do Combu (Foto: João Ramid/ O Liberal)


6. O tradicional vinho do açai: 


 O açaí consumido em Belém é bastante diferente do que é vendido no resto do Brasil: o vinho da fruta é apreciado pelos paraenses com farinha e peixe frito, camarão ou carne seca. Açaí com peixe frito, prato tradicional do almoço paraense.

Ilha do Combu Belém Pará Peixe frito com açaí (Foto: Reprodução/TV Liberal)


7. Revolução popular da Cabanagem:


 Belém foi palco de uma das maiores revoluções populares do país: a Cabanagem. Liderados por Antônio Vinagre, os revolucionários chegaram a tomar conta da cidade em 7 janeiro de 1835, quando presidente da província Lobo de Souza foi assassinado na frente do palácio dos governadores.

Monumento da Cabanagem (Foto: Paula Sampaio/O Liberal)

8. A visita do Papa João Paulo:


 O Papa João Paulo II visitou Belém em 1980, onde realizou uma missa a céu aberto. No local foi erguido um monumento em sua homenagem, e a rua foi batizada com seu nome. A antiga Avenida Primeiro de Dezembro foi rebatizada de Avenida João Paulo II.

Papa João Paulo II, em visita a Belém no ano de 1980. (Foto: Carlos Borges/O Liberal)


9. A grande manifestação de fé:


 Em todo segundo domingo de outubro é celebrada em Belém a procissão do Círio de Nazaré, uma festa católica que reúne mais de 2 milhões de pessoas em um trajeto de 3,6 km pelas ruas da capital paraense. Cerca de 2 milhões de pessoas participam da procissão do Círio de Nazaré em Belém.

Círio de Nazaré. Cerca de 2 milhões de pessoas participaram do espetáculo religioso em Belém.  (Foto: Tarso Sarraf/ O Liberal)

10. Igreja Assembléia de Deus no Brasil: 


 Belém foi a sede da primeira igreja da Assembléia de Deus no Brasil, após a chegada dos missionários suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren em 1910. 

Belém foi a sede da primeira igreja da Assembléia de Deus no Brasil, após a chegada dos missionários suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren em 1910. (Foto: Divulgação)

Comentários
0 Comentários

Postar um comentário